Electric Gold
Mariana Salgueiro na voz, António Gonçalves na guitarra, Hugo Domingos no baixo e Bruno Barras na bateria - juntos formam Electric Gold.
Depois de palcos como o da Casa das Virtudes e do festival BenFestCasa, ambos em Faro, é através de uma versão mais acústica e “caseira” que a banda algarvia de rock se apresenta e escuta na emersa tv.
A intervalar os temas soados neste pequeno concerto para a emersa tv, a Ana Rodrigues conversou com os Electric Gold – um momento que abaixo se transpõe.
Electric Gold: “The Great Reset prende-se com a ideia de recomeço; uma luta espiritual contra os pensamentos que se relacionam ao ego”
Como é que se conheceram e nasceram os Electric Gold?
Mariana Salgueiro – Eu e o Bruno somos namorados, ele já tinha uma banda e eu comecei a ter interesse na música e quis formar o meu próprio grupo. Além do Bruno, que aceitou logo a ideia e se quis juntar, comecei a procurar outros músicos. Chegou então o António e, quase durante um ano, ensaiámos os três e criámos algumas músicas, algumas das quais chegámos a utilizar. O mais complicado foi encontrar o baixista, mas encontrámos, mais para o fim – cargo assumido pelo Hugo.
Porquê “Electric Gold”?
Bruno – O nome veio mais por mim. Baseei-me muito num livro sobre os Beatles que estava a ler na altura [The Beatles, Colectivo Rock On; Edições Centelha], em que se explicava o porquê do nome “Beatles”. Diz-se que vem de “Joaninha” [Beetles]. Pareceu-me que estava na moda ter nomes de animais. Quis que o nome nos identificasse, e fui buscar um pouco a Jimi Hendrix, a Electric Light Orchestra, e também ao tema “Electric Man”, dos Rival Sons. Queria uma banda de rock que tivesse uma energia, e tentei passa-la através da ideia de electricidade. “Gold” é em alusão aos tempos grandes do rock: entre os anos 60 e os 90.
Além de músicos, ou, antes de serem músicos, quem são vocês?
António – Eu já toco guitarra há muito tempo. Por isso, há muitos anos que me identifico mais como músico do que outra coisa. Além disso, entrei na Universidade também para estudar música.
Hugo – A música também já faz parte da minha vida há muito tempo, só que é muito difícil viver apenas dela, em Portugal. Então, tirei um curso de Economia, e durante algum tempo fui contabilista.
Bruno – Sem a Música, não sou ninguém. Vivo praticamente para ela, mas, infelizmente, ainda não consigo fazer vida apenas dela. Então, tive a obrigação de arranjar um trabalho que me sustentasse. Mas, apesar disso, continuo a lutar por aquilo que quero: a Música.
Mariana – Estou a acabar o curso de Design. Quero ser designer, mas gosto muito de Artes, em geral. Não me considero artista, mas alguém que experimenta tudo – dentro disso, a Música.
Como é que isto se processa em estúdio? Quem é que faz o quê, como é o vosso processo de criação?
Bruno – Normalmente, é a Mariana que chega com uma ideia. Uma mensagem ou um sentimento que ela pensou transmitir. Depois, através do ritmo e da melodia, tentamos dar forma a essas ideias, transpô-las.
Nunca há desavenças? Concordam sempre com as ideias da Mariana?
Bruno – Há sempre desavenças! Ter uma banda é como ter uma relação: precisas do lado bom, do lado mau; de rir, chorar.
Escutámos Golden Age. Querem falar um pouco sobre este tema?
Mariana – Faz parte do conceito do álbum. Por ordem, seria a última. O álbum fala-nos de uma luta mental, espiritual, em que, no fim, há algo que celebramos: ‘golden age’ é a era dourada, um novo começo, a celebração desse momento.
Já lá vão alguns concertos de Electric Gold. Já passaram pelo Marginália Bar em Portimão, participaram no Concurso de Bandas no Pavilhão da Pedra Mourinha, cá por Faro, passaram pela Associação de Músicos e pela Casa das Virtudes, e em Loulé, foi o Bafo de Baco a acolher a banda. É claro que cada um destes espaços vos há de ter provocado sentimentos muito diferentes, mas pergunto-vos: sentem que há algum tipo de espaço ou de público que vá mais ao encontro da essência da banda? Mais intimista, contemplativo, ou acham que a vossa música é feita para grandes audiências?
Mariana – Penso que seja mais virada para grandes públicos, mas também pode ser adaptada a espaços pequenos, ambientes mais serenos. Aliás, temos outros temas que se enquadrariam melhor em espaços mais calmos.
Porquê este registo musical? É algo que vem de algum contexto em que tenham crescido, influências que tenham “herdado”? Foi um percurso, ou começaram logo nesta praia do rock?
António – Quando falei com a Mariana para entrar no projecto, trouxe um pouco das minhas próprias influências, A ideia deles era ter uma banda de rock clássico. E eu sempre tive bandas de mental, sempre fui mais dessa onda, em parte por causa dos meus pais que escutavam esse género de música. Quando comecei a aprender guitarra, também comecei por aí. Já o Hugo, que já tinha uma banda de covers há muitos anos, acaba por vir de todo o lado e trazer para a banda vários géneros e inspirações.
Hugo – O baixo foi um instrumento novo, que ainda não tinha tocado antes de Electric Gold. Na minha antiga banda, tocava guitarra. Na altura, tocava coisas como Jamiroquai e Stevie Wonder, e tentei puxar esse groove para este grupo.
Sei que esta pergunta é muito complexa para caber numa resposta rápida, simples, mas…o que é que a música representa para vocês? O que é que ela vos dá?
Hugo – É um escape.
António – Uma forma de expressão.
Bruno – Isso, uma forma de expressão. Quando não conseguimos transmitir por palavras fazemo-lo através desse sentimento que é a Música.
Mariana – É um meio de pôr cá para fora uma certa mensagem, seja ela lírica ou instrumental, ou, por vezes, por via de ambas: as duas dão força uma à outra.
Planos para o futuro? Estavam a falar sobre um álbum…ele já tem nome, datas…querem falar um bocadinho sobre ele?
Bruno – Ainda não há datas, estamos a planear essa parte. O disco chama-se The Great Reset, e o conceito prende-se com essa ideia de recomeço. Há uma luta espiritual, contra os pensamentos, nomeadamente os que se relacionam ao ego. O mundo precisa de um recomeço – aliás, ao analisarmos a História, percebemos que foram vários os momentos em que tivemos de recomeçar, de alguma forma. É essa a mensagem que se esconde por detrás deste disco.
Estas Lounge Sessions acabam por ser um espaço que permite a criação de versões mais acústicas, mas o vosso som é bem diferente. Quem vos quiser ouvir, onde e quando é que o pode fazer?
António – Para já, até lançarmos o EP, quem nos quiser ouvir tem de ir ver-nos ao vivo.
Bruno – Tanto uma página de Facebook como uma de Instagram estão disponíveis, com o nosso nome: Electric Gold.