01/11/22

Rogério Cão

“Escrevo para me tornar mais próximo de mim. E com isso trago os outros comigo. (…) Tenho muito respeito pelo palco, sabes? Ser actor é isso: é ter muito respeito pelo palco; pelo público – por quem vai ver.”

Há uma palavra que se habita; uma simbiose entre o que escreve e a coisa escrita, e que se manifesta na forma como Rogério segura cada palavra ou a solta, a expele; na intensidade com que a abraça e envolve com os olhos, as mãos e o resto do corpo.

Quantos talentos perdidos, quantos fulgores humanos hão de habitar as ruas, enquanto aguardam uma mão que lhe chegue ao ombro e diga que esse fulgor ou talento pode ser um caminho; choramos esta hipótese, debatemo-nos sobre as encruzilhadas do acaso – da palavra como acaso ou caminho; tocamos A Gaveta da Pedra, texto que assina e interpreta; abrigamo-nos no pouco ar que lê-lo e escutá-lo nos deixa.

Anterior

Luís Ene