A poesia intensa de “Emoções Bárbaras” no Clube de Leitura de Faro
Cláudia Tomé Silva
Com uma coletânea de poemas imersivos e atemporais, o livro “Emoções Bárbaras” de Cláudia Tomé Silva traz-nos as riquezas e a profundidade da poetisa algarvia. Esta foi a obra tratada na passada quinta-feira, no Clube de Leitura que tem espaço no auditório da Biblioteca Municipal de Faro.
O livro “Emoções Bárbaras” é um compêndio de poemas de Cláudia Tomé Silva, que foram escritos ao longo da vida da autora, desde a adolescência até a vida adulta. Lançado no ano de 2021, pela editora Epopeia Books™, a obra retrata, de forma intensa e mística, as passagens ao longo da vida da poetisa.
Com um estilo único de poesia, Cláudia tem a sua inspiração nos grandes nomes da literatura portuguesa, sendo o mais influente poeta de sua vida, o renomado Fernando Pessoa. Seus versos, porém, adotam uma percepção única de sua vida e de sua história, o que torna os seus poemas versões de relatos, prontos a inspirar e a fazer o seu leitor identificar-se com aquelas palavras.
Em entrevista à Make it Happen™, Cláudia deu-nos a oportunidade de entender um pouco sobre suas ideias a respeito da arte e sobre o seu futuro.
Como o ponto principal do livro são estes poemas passados ao longo da vida, você acha que a poesia é uma arte atemporal?
CTS (Cláudia Tomé Silva ) — É engraçado perguntar-me isso porque, quando eu tive este projeto de lançar o livro, eu hesitei ali um momento: ponho ali as poesias da adolescência? Porque as vezes quando nós revisitamos estes poemas dizemos: que coisa tão estranha, tão datada, não é? E tive de tentação e cheguei a fazê-lo de emendar, mas depois pensei ‘o que é que estas a fazer, Cláudia? Esta era a Cláudia que tinha 15, 16, 17 anos, e sentia assim, e via assim, não mexas aí.” Então parei de fazer as correções e disse: vai como estava. E sim, é bonito que nós olhamos um poema da adolescência e vermos como nós pensávamos como nos sentíamos, e faz todo sentido continuar fazer sentido. Recorda-me daquela pessoa que eu fui naquela altura.
Com os poemas resistindo por tantos anos, e ainda com o projeto a surgir durante a pandemia, para você a arte é uma forma de resistência, de demonstrar esta força dos meios culturais?
CTS — Sem dúvida! Como eu disse aqui na apresentação, a poesia tem me ajudado a lidar com as emoções, especialmente as menos positivas, que nos abalam com pandemias, com filhos, com dificuldades da vida. A ansiedade, como sabemos, é uma coisa meio crónica, é muito difícil que ela deixe de correr nas veias. E a poesia tem me ajudado a superar, a enfrentá-la.
Em relação ao seu estilo, pretende lançar algum livro com outra temática, quem sabe um romance, ou faz mais sentido manter-se sempre na poesia?
CTS — Eu gosto muito de romance, e gostava de ter mais tempo para dedicar à escrita, [porquê] um romance é muito exigente. O tempo que eu dedico à minha arte é o que sobra-me depois do trabalho, dos filhos, e não é algo tão fácil. Não quer dizer que exija menos tempo ou menos dedicação, mas é mais imediatista. Rapidamente você acaba um poema. Um romance já requer [mais], [mas] eu acho que sim, eu costumo dizer que depois da minha reforma dedico-me [a escrevê-lo].
Tem algum conselho para os novos escritores?
CTS — Se gostam, é continuar a escrever. É não parar e acreditar em si mesmo, porque temos de ser o primeiros a acreditar em nós. Não parem! Como diz o Rilke¹: nenhum sentimento é definitivo.²
O livro “Emoções Bárbaras”, de Cláudia Tomé Silva, encontra-se disponível pela editora Epopeia Books™, e pode ser acedido aqui. O Clube de Leitura de Faro ocorre mensalmente na Biblioteca Municipal da cidade, e aborda uma obra diferente a cada sessão. A entrada é livre, sujeita à inscrição para participação de certas atividades.
¹ - Rainer Maria Rilke foi um poeta alemão que escreveu entre os séculos XIX e XX.
² - Enxerto da frase de Rainer Maria Rilke: Deixe tudo acontecer a você. Beleza e terror, apenas continue. Nenhum sentimento é definitivo.
FONTE Make It Happen FOTOGRAFIA Alexandra Farinho e Rebeca Fernandes | Epopeia Brands™