Do silêncio das mulheres ao grito pela Arte:  “Monólogo de uma Mulher chamada Maria com a sua Patroa”, hoje e amanhã, em Loulé

Diana Tinoco

A peça “Monólogo de uma Mulher chamada Maria com a sua Patroa” vai decorrer hoje e amanhã, dias 12 e 13 de novembro, pelas 21h30, no Cine-Teatro Louletano. O bilhete tem o custo de oito euros, sendo a entrada gratuita para todas as pessoas com necessidades especiais, para crianças até aos 12 anos de idade e para portadores do cartão sénior da Câmara Municipal de Loulé.
O trabalho doméstico em Portugal – porquê? Como nasceu e por que o perpetuamos, estrutural e inadvertidamente? ; as mulheres que o protagonizam mas que saem silenciadas; os tempos e momentos mais marcantes da organização, reivindicação e mudança legislativa do setor; a história do trabalho das mulheres que era, até hoje, pouco conhecida e contada, ou, arrisquemos dizer, silenciada – eis os temas e a força motriz que subjazem à peça “Monólogo de uma Mulher chamada Maria com a sua Patroa”, escrita, criada e interpretada pela atriz e ativista Sara Barros Leitão.

Na raiz da construção da peça, cujo título radica numa expressão oriunda da obra “Novas Cartas Portuguesas” (1971), estão quatro meses de pesquisa e de estudo no arquivo do Sindicato do Serviço Doméstico em Portugal, em que Sara, acompanhada da socióloga Mafalda Araújo e da fundadora do sindicato, Conceição Ramos, se dedicou a descortinar a História deste seio, dando agora visibilidade e voz a esse silenciado mundo. Além disso, ao processo de investigação subjazeram entrevistas a mulheres portuguesas que trabalharam ou trabalham ainda como empregadas domésticas.
Estreada a quatro de novembro no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a peça está agora em digressão pelo País, sendo este o primeiro espetáculo que nasce no âmbito de Cassandra, estrutura artística fundada por Sara Barros Leitão em 2020, movida pelo desejo de encorajar a criação artística e a intrínseca reflexão sobre questões feministas.
No seio de Cassandra, foi ainda criado o projeto Heróides - clube do livro feminista, cuja primeira sessão, a 30 de janeiro de 2021, ficou esgotada com a participação de 530 pessoas. Este primeiro Webinar foi dedicado à obra "Corpos na trouxa - Histórias-artísticas-de-vida de mulheres palestinianas no exílio", da autoria da escritora e investigadora palestiniana Shahd Wadi, um livro que decorreu da sua dissertação de Doutoramento em Estudos Feministas.
Hoje, Sara trabalha como atriz, criadora, dramaturga, encenadora, assistente de encenação – além do papel que tem vindo a assumir como ensaísta em revistas como a Gerador, na qual escreve sempre por via de uma postura ativista e sensível às nuances que vai verificando em tudo o que lhe parece manchar os Direitos Humanos - em particular a dignidade da Mulher.


FONTE Make It Happen   FOTOGRAFIA Diana Tinoco
Anterior
Anterior

Teatro: LAMA Black Box acolhe a peça "Ele Escreveu por 25 Tostões", na próxima quinta-feira

Próximo
Próximo

Catarina Saraiva: "Ser artista hoje em dia é, já por si, uma prova de resistência muito grande”