Mostra de Cinema da América Latina traz quatro filmes para ver em Loulé

A Mostra de Cinema da América Latina está de regresso a Loulé, para a 12ª edição. São quatro os filmes em exibição entre os dias 5 e 6 de março, no Auditório do Solar da Música Nova.

A iniciativa é organizada pela Casa da América Latina, sediada em Lisboa, que tem vindo a desempenhar um papel fundamental na aproximação da comunidade ao Cinema - veículo de conhecimento de uma América Latina estruturalmente fraturada, feita de múltiplas realidades socioculturais.

“Érase una vez en Venezuela” (2020) | Venezuela | 5 de março, 16 horas

Esta é a primeira obra de Anabel Rodrígues Rios, candidato da Venezuela aos Óscares 2021, na categoria ‘Melhor Documentário’. O cenário é Congo Mirador, outrora cidade flutuante, próspera e habitada por pescadores e poetas, mas hoje em declínio e afetada pela corrupção e pelas mudanças climáticas que têm levado ao abandono dos seus habitantes. Traz-nos, portanto, uma quase profética reflexão sobre o estado da Venezuela, país progressivamente dividido, narrativa contada pelo olhar de duas mulheres: Dona Tamara, representante do partido chavista na cidade e que continua a tentar devolver a vida ao lugar; e Natalie, professora.
Numa recensão da revista Variety, o documentário foi considerado "subtilmente poderoso (...) Um estudo silenciosamente sombrio e humano sobre uma comunidade rural nas garras da toxicidade política e ambiental.”

“El olvido que seremos” (2020) | Colômbia | 5 de março | 19 horas

Com foco no médico colombiano Héctor Abad Gómez, defensor de causas sociais e direitos humanos, numa polarizada e violenta Medellín de 1970, onde foi morto a tiros por paramilitares de extrema-direita, em 1987. O argumento é de David Trueba, e a história contada pelos olhos do seu único filho, Héctor Abad Faciolince, um dos mais proeminente escritores da Colômbia contemporânea e autor do livro homónimo.

Héctor Gómez é aqui interpretado por Javier Cámara, ator assíduo na obra cinematográfica do espanhol Pedro Almodôvar. A Cámara juntam-se Nicolás Reyes Cano, Patricia Tamayo, Juan Pablo Urrego.

“Manco Capac” | Argentina | 6 de março | 16 horas

Volvidos 10 anos de criação, foi em 2019 que “Manco Capac”, longa-metragem do cineasta argentino Henry Vallejo, chegou ao grande ecrã, selecionado para representar o Peru nos Óscares.

O filme, considerado pela crítica como “altamente minimalista”, foi gravado integralmente em Puno, em espanhol e em quíchua, e conta a história de Elisbán, jovem preserverante que migra do campo para a cidade, acompanhado apenas de duas solas e um chip de telemóvel para uma promessa de trabalho que nunca é cumprida. Sozinho e sem dinheiro, Elisban tenta sobreviver às adversidades de uma cidade que celebra o carnaval, indiferente à sua mísera condição - à semelhança de “qualquer lugar no mundo, que vira hostil quando não se tem dinheiro”, nas palavras do realizador, em entrevista à argentina EFE. Vallejo acrescenta que se procura, ainda, prestar "uma homenagem aos Incas" e daí o seu título - "Manco Cápac", em alusão à figura que, à luz dos escritos dos cronistas da altura, terá fundado a primeira dinastia Inca.

Depois de três anos de procura, Jesús Luque foi o escolhido para interpretar o papel de Elisban. À época, Jesús não tinha experiência anterior como ator, mas percorria-lhe o imaginário o sonho antigo de poder um dia participar numa “aventura semelhante” aos romances de Mario Vargas Llosa (Prémio Nobel da Literatura de 2010), os quais escutava na rádio. Esta interpretação marcou assim o início da sua carreira, que viria a iniciar-se na Escola de Artes Dramáticas da capital peruana e, posteriormente, no prémio de melhor ator no 24º Festival de Cinema de Lima.

“El cuento de las comadrejas” (2019) | Argentina | 6 de março, 19 horas

Fruto do realizador argentino José Campanella, vencedor do Óscar de melhor filme internacional em 2009, com “O Segredo dos Seus Olhos”. A Campanella junta-se, no argumento, Darren Kloomok.

Interpretado por Graciela Borges, Oscar Martínez, Luis Brandoni e Marcos Mundstock, “El cuento de las comadrejas” trata-se de uma adaptação do filme “Los muchachos de antes no usaban arsénico” (1976), de José Martínez Suárez. Dá-se assim continuidade às peripécias de quatro sexagenários atores da Idade de Ouro do Cinema, que lutam para evitar que a mansão onde vivem seja vendida a um casal.

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