Paulo Furtado: “acho que a Cultura e os artistas têm, neste momento, o papel mais importante”

Paulo Furtado, The Legendary Tigerman

 

Nesta passada noite de sexta-feira, realizou-se a edição de reagendamento do festival *SIGA*, e contou com os concertos de The Mirandas e The Legendary Tigerman, em uma grande noite de música em Faro.

O artista Paulo Furtado apresentou um concerto único, com diversos temas clássicos em formato “One-Man Band”, e ainda com a participação de Cabrita, uma parceria que já percorre os palcos de Portugal há tempos.

Em um espetáculo cheio de energia e vibrações, o artista conta como é poder sentir novamente um público em pé, a poder aclamar e circular livremente, a mostrar o impacto positivo da cultura e da arte após um período tão complexo.

 

Como é pra você agora regressar a um momento mais próximo da normalidade, por assim dizer?

PF (Paulo Furtado) — Eu acho que estamos todos a precisar muito, ainda por cima agora com guerras e com o que vem a acontecer neste momento no mundo. Estamos a precisar de alguns momentos de escape, e acho que a Cultura e os Artistas têm, neste momento, o papel mais importante.

Em relação a volta à normalidade, eu não sei se estamos assim tão de volta. Penso que neste momento estaria a marcar uma turnê europeia ou algo similar, mas as coisas continuam a não estar claras. Percebe-se que normalmente, entre a primavera e o outono consegue-se fazer tours. Já no inverno não percebe-se muito bem se as coisas vão fechar outra vez. Mas espero que o pior já esteja para trás e que a partir daqui as coisas sejam um pouco mais normais.

 
 

Como é que surgiu esta relação com o Mestre Cabrita?

PF — Os nossos caminhos se cruzaram no meu álbum ‘True’, em que eu o convidei para fazer arranjos de sopros em uma das canções. Depois disso, o Cabrita tocou num ônus de espetáculo mais importante, e começamos a perceber que eu estava a tocar de um lado, e ele estava a tocar outras canções que não era suposto tocar. Pensava comigo: ‘Era bom começarmos a fazer arranjos para outras canções’.

Foi assim, ele começou por tocar mais e mais temas, e começou-se a transformar numa sonoridade muito específica quando faço o one-man band com o Cabrita.

 

Como é para si participar de outras formas de arte, como é o caso da produção da soundtrack de “A Última Hora”?

PF — É uma coisa que me dá cada vez mais gosto. Nos últimos 10 anos, o que eu talvez tenha feito mais é música para cinema e para teatro. Para o teatro acho que é ainda mais ‘fixe’, porque gosto de trabalhar muito próximo dos encenadores e atores desde o início, portanto eu acho que a música acaba por influenciar muito na encenação, e eu próprio vou buscar muita inspiração ao que me passam.

Mas há outras coisas que eu gosto também, que é a música não ser o central do teatro e do cinema, mas ser um apenas um componente em um objeto total. Isso é uma coisa que me agrada, estar um pouco descentrado e não ser propriamente o foco da atenção ou do trabalho, mas ser um outro departamento que está a trabalhar para aquela peça para que aquele filme e que aquela peça seja o melhor filme e melhor peça que podem ser.

Isso é uma coisa que cada vez mais me dá entusiasmo, e muitas das vezes não é reconhecível que sou eu a fazer as bandas sonoras, porque para mim é mais importante não colocar minha assinatura [musical], e sim criar uma identidade para o teatro ou para o cinema.

 

Você acha que seu estilo foi-se metamorfoseando ao longo dos anos ou ainda faz parte do mesmo fruto?

PF — Eu acho que é uma assinatura qualquer. Eu componho sempre as canções com o mesmo modo, mas há dias que eu tento reinventar o estilo, o formato. O último disco que eu estou a gravar agora, é um disco com músicas que não têm guitarra e que foram feitas com sinos modelares, tendo sonoridades completamente diferentes de tudo o que está para trás.

Eu acho que para quem me conhece e conhece o meu trabalho, continua a haver ali uma assinatura que tem a ver comigo. Mas para além disso, a forma especialmente não é uma coisa que me preocupa muito, o que me preocupa mais é repetir-me. Não gosto de me repetir, e quero levar as coisas um pouco mais longe e divertir-me a fazer isso.

 
 

O que podemos esperar do The Legendary Tigerman para o futuro e também do Cabrita para o futuro?

PF — O Cabrita está com um álbum na estrada também, e está a tocar em nome próprio, o que é maravilhoso. Acho que vamos fazer alguns concertos juntos em que serei convidado dele. Da minha parte, vamos ter algo novo este ano, e a partida temos já festivais marcados, além de alguns que vão ser realizados.

Há um em específico que é o Vilar dos Mouros, que já estava para acontecer em 2020, passou para 2021 e agora parece que será finalmente realizado este ano. Este será um festival que trará outros nomes do rock numa noite incrível. Estamos super ansiosos para esta noite de Rock n’ Roll. Felizmente, estamos com bastantes concertos para o verão, portanto apareçam! Se verem algum concerto próximo, podem ter certeza que vamos dar o litro!

 
 

FONTE Make It Happen   FOTOGRAFIA Rebeca Fernandes | Epopeia Brands™
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