Tirar o palco ao ego

Como podemos lidar com o ego? Tirando-lhe aquilo que ele mais precisa: Atenção. ​

O que é que o ego necessita? Atenção. Precisa de espaço, não gosta de ser contrariado, não gosta de ser criticado, não gosta de se sentir segunda opção, não gosta de ser deixado para trás. O ego gosta de ser o centro das atenções, é vaidoso, orgulhoso e melindroso. Fere-se muito facilmente, principalmente quando as coisas não lhe vão de feição. O ego é caprichoso, quer agora e quer já, fica zangado com pequenas coisas e às vezes é também vingativo, ressentido. Pensa: “Ai é, ofendeste-me/magoaste-me, então logo vais ver”. Então, tudo o que é ressentimento, necessidade de vingança, reconhecimento, atenção e orgulho ferido, pertence ao reino do ego.

Como podemos lidar com ele? Tirando-lhe aquilo que ele mais precisa: atenção. Deixando de o valorizar, de lhe dar atenção, ele pode remeter-se à humildade, tranquilidade e pacificação. Ele pode queixar-se, pode reclamar, pode gritar e espernear, mas a atitude a ter perante ele é exatamente uma postura firme, descontraída e assertiva: “Vais continuar a espernear? Achas que vale a pena?”, e deixá-lo contorcer-se. Vai ver que, rapidamente, ele se cala e acalma. É como uma criança pequena, testa os nossos limites. Se formos firmes o suficiente, ele resume-se à sua insignificância. Se irá aparecer novamente noutra situação? Claro que sim, só que você já é capaz de o identificar e lidar com ele. Neste caso, quando o ego toma o palco da nossa mente, o que podemos fazer é exatamente tirar-lhe esse palco, enxotá-lo de lá para fora.

O ego é como uma diva que não sabe os seus limites, então tem de ser ensinado. Não deixe pensamentos negativos corroerem-lhe a consciência. A nossa mente deve ser um terreno fértil, sim, para boas ideias, pensamentos inovadores, fortalecedores, positivos, afirmativos, que nos entusiasmem, que nos mimem e que nos elevem. Sempre que deita fumo das ideias, que está a corroer-se por alguma coisa, a ter pensamentos de velho jarreta, veja se não é o ego que está inflado ou perturbado por alguma coisa, alguma contrariedade.

Devemos ser nós, lado consciência, lado racional, a tomar as rédeas da nossa mente. A mente é um órgão que serve para resolver problemas, tomar decisões, perseguir objetivos, alertar-nos dos perigos e encontrar soluções, não para ser um lugar tóxico ou poluído. Mas se deixar o ego no comando, no “palco”, é como se não conseguisse sair do mesmo sítio e estivesse sempre a remoer nas mesmas coisas vezes sem fim. Sim, o ego é altamente neurótico, repetitivo, aflito, ferido e narcísico, adora ter audiência. Há que lidar com ele com determinação e deixar de assistir ao seu espetáculo. Essa é a fórmula.

Paula Chocalhinho

Psicóloga Clínica & Hipnoterapeuta, a formar-me em Constelações Familiares e apaixonada por processos de desenvolvimento pessoal e terapias holísticas, procuro trabalhar as pessoas que me chegam nas suas várias vertentes. Ao serviço do colectivo e ao serviço de quem se quer desenvolver, transformar e superar. ​

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